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9 de março de 2010

Quem Ganha com Mensalidade no Transporte Coletivo?


Em primeiro lugar quem ganha é o comercio local, pois ao diminuirmos o custo do transporte da população, automaticamente aumentamos o poder de consumo, já que hoje o gasto com transporte consome 30% da renda do trabalhador. Como a ideia é cobrar mensalidade para uso livre do sistema de transporte assim como pagamos pelo uso de uma internet banda larga, haverá mais deslocamentos e novas oportunidades de negócios.

Ganha o trabalhador que além de aumentar seu poder de consumo, terá liberdade de movimentação onde irá trabalhar utilizando o sistema, mas também terá acesso fácil quantas vezes precisar para ir a qualquer evento ou local na cidade, ganhando muito mais qualidade de vida, cultura, educação, troca de informação e de experiências trazendo benefícios óbvios ao país a médio prazo.

O mesmo acontece com o estudante, que já tem a vantagem de estar em um processo de aprendizado, tendo a possibilidade de desfrutar dessa mobilidade, irá formar uma nova geração com muito mais experiência e cultura. O aposentado então não preciso nem gastar argumentos para mostrar os benefícios que terão, não concorrendo sequer o risco no trânsito.

Ganha a indústria e todos os empresários pois gera qualidade de vida para sua família e seus funcionários, criando harmonia e bem estar com momentos agradáveis.

Se pensarmos que muitos desses citados até agora, principalmente os trabalhadores, deixarão de usar o transporte individual pois será vantajoso usar o coletivo, haverá um desafogamento no trânsito liberando as estradas para o transporte de cargas e para os que realmente precisam utilizar o transporte individual. Além disso, como muitos utilizam motos, e esses teriam muita vantagem em migrar para o transporte coletivo, principalmente pela frequência da chuva na cidade, teríamos uma redução ainda maior com custo de saúde para o município pois 40% dos traumas são causados por acidentes envolvendo motocicletas.

Em resumo ganha todo o Brasil com a liberdade de ir e vir de cada cidadão gerando desenvolvimento e amor ao Meio Ambiente, pois ao darmos preferência ao coletivo em relação ao individual, estaremos jogando menos poluentes na atmosfera.

O único que "perde" em toda essa história é quem passou os últimos 40 anos explorando e lucrando com um sistema que deveria ser público, num monopólio privado que viola a concorrência da teoria capitalista tradicional, criando exclusão como mostram os números dos últimos anos do número de passagens vendidas, mantendo o lucro e inclusive aumentando com aumentos acima da inflação.

7 de janeiro de 2010

Transporte Coletivo Banda Larga


Quem não se lembra dos tempos de internet discada? Eu tinha que esperar a meia-noite para não ter uma surpresa no final do mês com uma conta acima dos padrões da minha família. Durante o dia, o horário que mais se precisa da internet, principalmente para o trabalho, a conexão era lenta, isso quando era completada, além de cara. Como essa tecnologia é essencial para o progresso econômico, houve uma solução bastante conhecida. A internet banda larga surgiu com vários diferenciais. Além de oferecer uma internet com velocidade (qualidade) superior, essa tecnologia tem um diferencial essencial que rapidamente assediou muitos consumidores.
Um preço fixo para ter a internet disponível 100% do tempo. O melhor horário para usufruir este benefício era escolhido pelo usuário, ou seja, uma verdadeira liberdade de escolha e de acesso a informação.

O momento que estamos vivendo hoje do transporte coletivo é muito semelhante ao momento pré-banda larga. Temos um serviço de baixa qualidade (ônibus lotados e caro) em que pagamos em cada uso, limitando nossa liberdade de ir e vir, onde temos que limitar nossos deslocamentos para não ficarmos sem dinheiro ao final do mês. Como os excessos estão ligados a cultura, lazer, esportes, estudos, etc, essa limitação influi diretamente o desenvolvimento econômico e cultural da sociedade, assim como ocorria com a internet discada. E assim como aquela problemática, essa também merece uma solução parecida.

Precisamos ter um custo fixo, inferior ao atual, que garanta nossa liberdade de ir e vir, nosso acesso a cultura, educação, saúde, trabalho e tudo que uma sociedade deve oferecer, seja público ou privado. Se a visão da economia de uma empresa está ligada a redução de custos, com ganho de melhorias, a economia familiar deve seguir os mesmos passos, numa luta para reduzir seus custos, onde certamente a locomoção faz parte dos maiores.

O Movimento Passe Livre (MPL) tem feito uma discussão sobre como a lógica do sistema deve funcionar através do Tarifa Zero, com base na tentativa feita pela Erundina em São Paulo e tem sentido dificuldades em passar esta idéia à sociedade, justamente porque o sistema tem um custo real e a discussão de onde deveriam vir o dinheiro para esse financiamento (via impostos) é assunto ainda mais complexo na sociedade, até porque aumento do custo total é obrigatório, já que aumentaria constantemente o número de pessoas utilizando o sistema.

Como eu desejo a melhoria do transporte, vou tentar trazer a discussão de que é possível inverter a lógica de funcionamento, aumentando o número de utilizadores do sistema, baixando o custo final do usuário sem necessariamente zerá-lo, o que continua como desafio para o MPL.

Custo Aproximado do Sistema Atual
Para termos uma base de quanto custaria para manter um sistema de transporte funcionando, decidi usar como base de cálculo entrevista do prefeito Carlito Mers ao Jornal ANotícia, após conceder o aumento às empresas Gidion e Transtusa.
Na entrevista, ele afirma que o número de passagens/mês é de 3.303.000.
Se multiplicarmos este valor por R$ 2,50 (preço média da passagem) teremos o valor total de arrecadação de R$ 8,25 milhões/mês.
O valor foi superextimado para não haverem dúvidas quanto as possibilidades que temos pela frente.

Números
- Divindo o número tota de passagens por 30 dias, temos 110 mil passagens/dia em média (o número diário é variável entre dias de semana e finais de semana).
- Segundo alguns números do site da prefeitura, temos 144 mil casas em Joinville.
- Também segundo a prefeitura, em 2007 existiam 147 mil trabalhadores empregados em Joinville.
- Segundo o IBGE o número de estudantes em Joinville é 20 mil (20.705 / 2008) no ensino médio e 21 mil (21.656 / 2007) no ensino superior.
Com estes números em mãos, podemos facilmente projetar um bom sistema de transporte coletivo, para se ter idéia de possibilidades de receita.
- Custo de ida e volta ao trabalho: (2 * 2,30) * 22 dias = R$ 101,20
- Desconto do trabalhador 6% de R$ 700,00 = R$ 42,00
- Descontando os valores, o valor médio que uma empresa paga de transporte por funcionário é de R$ 59,20.

Cálculos

1. Dividindo os 8,25 milhões pelas 144 mil casas, por exemplo, teremos uma valor por casa para manter o sistema de R$ 57,50
2. Dividindo o mesmo valor pelo número de empregados temos R$ 56,00

Uma divisão desta forma seria muito discutível, pois há casas que ninguém usa o transporte coletivo, ou moram poucas pessoas. E dos 147 mil empregados, muitos não utilizam o benefício do transporte, apesar que uma obrigação do pagamento deste benefício diretamente a empresa de ônibus para todos os empregados, independente se usam ou não o benefício, já poderia facilmente custear o Tarifa Zero.

Mas, partindo do princípio de que somente quem utiliza o transporte deve pagar, vamos prever outros números:
Digamos que 100 mil trabalhadores utilizam o benefício do transporte, e 20 mil estudantes utilizem o transporte coletivo. Teremos um total de 120 mil usuários. Se fossemos cobrar diretamente destes uma mensalidade para manter o sistema, seria algo em torno de R$ 68,75.
Mas esta divisão não é correta, já que os empregadores pagam hoje mais da metade do benefício e passariam a pagar menos, além disso os estudantes, que normalmente não tem fonte de recursos, acabariam pagando muito mais que os trabalhadores.

Em um cálculo mais avançado, podemos distribuir melhor esses valores para que haja mais justiça na distribuição dos custos.

Pensando no valor pago hoje por mês de R$ 101,20, devemos aumentar esse valor para R$ 110/mês para usar como base para pagamento das empresas.
Multiplicando este 110 pelo número de trabalhadores que recebem o benefício, temos aproximadamente 11 milhões.
Ainda temos os desempregados e estudantes, que poderiam contribuir de alguma forma.
Neste caso gostaria de colocar uma meta.

Para até 100 mil usuários, deveria ser pago R$ 50,00 por usuário, número que provavelmente já estaria vencido com os trabalhadores.
A partir de 150 mil usuários, R$ 40 por usuário.
A partir de 200 mil usuários, a meta ideal, R$ 30 por usuário (R$ 1 por dia)
Ainda poderiam dar descontos de 50% para os estudantes, para incentivar mais famílias a inserir seus filhos no sistema de transporte, pois eles serão os maiores beneficiados de ter passagem livre na cidade, sem limitações.

Para finalizar a proposta, atingindo os 200 mil usuários:
100 mil x $110 = $11 milhões (trabalhadores)
70 mil x $30 = $2,1 milhões (não estudantes)
30 mil x $15 = $0,45 milhão (estudantes)

Arrecadação total: $13,55 milhões de reais por mês.
O suficiente para melhorar absurdamente o sistema atual, além de trazer benefícios enormes a todos os usuários, como utilização livre e maior, com menos dinheiro. Em resumo, mais lazer, educação, passeios, consumo, liberdade, felicidade...

As metas tem como objetivo, trazer um desafio à população para pagar menos, por um serviço que tem que ser pensado para a população e não para a empresa privada.

No próximo texto sobre transporte, vou falar de como pode ser a organização da empresa para que o transporte seja sempre pensado para a maioria da população.

P.S.: Prefeitura de Joinville está pensando em repassar R$ 350 mil para subsidiar 9 mil idosos entre 60 e 64 anos. Dividindo os números, temos um custo mensal de menos de R$ 40,00 por pessoa. Pensem nisso.

3 de dezembro de 2009

Competência Administrativa no Transporte Coletivo

Sou totalmente contra a privatização de setores públicos. Os idealizadores das privatizações afirmam que o deus Mercado vai trazer melhores serviços, mais qualidade, entre outros.

Mas, há algumas questões que precisam ser analizadas que rebatem essa postura.
A primeira questão é que uma empresa privada tem como objetivo principal o lucro. Não que isso seja algo errado, não, isto é algo normal deste setor e é por isto que ele existe então eles nunca estarão descolados.

Já um serviço público tem como objetivo principal atender necessidades específicas (demandas) de uma sociedade.

Vou usar como base de exemplo o sistema de Transporte Coletivo de Joinville.



Ao olhar o sistema sob o ponto de vista de administração de empresas, ou seja, receita versos despesas, produtividade e lucro, constatamos que enquanto o número de usuários do sistema vai baixando gradativamente, aumenta-se a tarifa para compensar a fuga de receita. Dessa forma, independente do número de usuários, é possível sempre manter um lucro específico. Caso haja um aumento pequeno da procura, têm-se maior lucro e em meio a isso está a produtividade, onde nos livros de administração atuais ensinam claramente: reduzir custos, aumentar produtividade para ter mais lucro. Entre as reduções de custos no sistema de transporte, podemos citar a diminuição de linhas que transportam poucas pessoas, acarretando em mais espera para quem usa o sistema. Aos poucos já começam a aparecer as contradições entre os interesses da empresa (lucro) e o interesse dos usuários (mobilidade urbana).

Agora, se olharmos o sistema de transporte coletivo do ponto de vista "serviço para atender as demandas da sociedade" está mais do que claro que este sistema é sinônimo de extrema incompetência. Vamos aos fatos.

1. Diminuição do número de usuários: apesar de parecer uma evolução economica as pessoas deixarem de utilizar o sistema de transporte coletivo, resulta em mais motos (mais acidentes de transito), mais carros (aumento de congestionamento), além de que dados comprovam que a maioria das pessoas que saem do sistema coletivo migram para ir ao trabalho a pé ou de bicicleta, e tira as opções de lazer distantes de suas residências.

2. Aumento do custo para usuários: assim como uma empresa precisa reduzir seus custos, as famílias também precisam fazer o mesmo na economia familiar e a primeira coisa a cortar são os supérfluos. Andar de transporte coletivo fica resumido as questões mais essenciais e básicas.

Cada família sabe quanto pode usar por mês com transporte. É praticamente um valor fixo que conforme aumenta o valor da passagem, logicamente baixa o número de viagens disponíveis.

3. Limita acesso a cultura e educação: Vejo constantemente políticos e jornalistas defenderem que a educação é a salvação para o Brasil e para o futuro do país. Certamente não basta uma simples escola técnica para servir de mão de obra, mas acesso a cultura, que parte de ter acesso a cinema e teatro (que em Joinville existem opções gratuitas), eventos musicais, museus e culturas locais. Em Florianópolis, cidade com mais de 20 praias, é comum nos bairros pobres crianças que jamais foram a uma praia.
Não é atoa que o Movimento Passe Livre (MPL) elegeu como símbolo da exclusão social a catraca do transporte coletivo.

Conclusão:
O sistema atual de transporte coletivo não serve aos interesses da população por ser exclusivo (exclui usuários do sistema) promovendo o transporte individual e causando o caos, que só tende a piorar.
Então é preciso urgentemente inventar um novo modelo de transporte coletivo para atender os interesses da sociedade, onde a mobilidade e não o lucro sejam prioridade e é sobre isto que falarei no próximo artigo.