18 de novembro de 2009

Monocultura

Para iniciar o post de hoje, monocultura, fui buscar na wikipedia o significado de cultura.

"Cultura (cultivar o solo, cuidar) [...] São práticas e ações sociais que seguem um padrão determinado no espaço. Refere-se a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e identificam uma sociedade; É a identidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período."


Questão agrária, do cultivo do solo.
O agronegócio, cultura capitalista de plantação, é principalmente caracterizado pela monocultura, ou seja, plantação de uma grande área apenas com um produto, entre alguns exemplos podemos citar soja, café, cana de açucar, eucalipto, entre outros. Por ser capitalista seu modelo de negócio é enxuto, utilizando o mínimo de mão de obra para operar as máquinas, que são predominantes. Esses fatos são comprovados pelos dados informados pelo IBGE sobre o Rio Grande do Sul, onde mostra que o agronegócio ocupa apenas 1,7 pessoa para cada cem hectares.
Já a agricultura familiar ocupa 16,1 pessoas nos mesmos cem hectares. No Brasil, a agricultura familiar é 89% mais produtiva que o modelo capitalista e, com apenas 24,3% da área agricultável, participa com 38% do valor bruto da produção.

Pelo lado econômico, o modelo capitalista tem carater monopolista e favorece a concentração de renda e terra, enquanto a agricultura familiar ocupa melhor a terra, aliviando as grandes cidades, fazendo muito mais distribuição de renda. Isso sem comentar que os produtos do agronegócio são para exportação e os produtos da agricultura familiar são para consumo do mercado interno. Vale mencionar que a agricultura familiar é a defendida pelo MST.

E cultura também é a identidade de um grupo num período de tempo. Entre as principais vou me referir a música.
A cultura pop, simbolo do avanço capitalista neste segmento tem características muito semelhantes ao agronegócio. Entre as mais obvias está a concentração de renda e barreiras econômicas para alternativas às grandes corporações, fazendo uma espécie de censura.
Mas outra coisa tão grave quanto no campo, é a implantação da monocultura. Como o objetivo final de uma empresa capitalista é sempre o lucro, os produtos musicais levados ao público tem um padrão bem enlatado, que é repetido incessantemente pelas principais mídias para ser consumido pelo máximo de pessoas. Novamente segue-se o padrão, mais lucro com menos custos, e certamente as empresas querem ter o máximo de lucro com o mínimo de celebridades problemáticas. Além de aumentar o abismo social entre as classes, o sistema capitalista também se mostra ineficaz em reproduzir a diversidade cultural, numa monocultura pop.

Pela contra-mão do sistema, seguem os grupos independentes, que com suas próprias pernas e agora se unindo com características principalmente regionais e agora com o projeto que estou tocando, o MUSIN, tende a usar a união dos pequenos para em conjunto conseguirem evoluir e criarem renda, profissionalizando a arte pela base.

Comparando as culturas fica óbvio o problema social provocado em cadeia quando se tem como objetivo único o lucro. Não vejo nenhum problema em se ganhar dinheiro com música, aliás, vejo como solução esse lucro bem distribuído pelas pessoas que fazem arte em cada comunidade e cidade, representando localmente as suas angústias e ansiedades, suas realidades e progressos, ao invés de uma cultura empurrada através de repetições e inserções em novelas e programas de pequenos grupos dominantes e monopolistas com custos exorbitantes.

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